A BR Distribuidora poderá ir ao mercado de capitais para apoiar a estratégia de crescimento da empresa, disse ontem ao Valor o presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr. A ideia é fazer uma oferta primária de ações da BR para bancar eventual aquisição de empresa no futuro. “Se tiver perspectiva de M&A [sigla em inglês para fusão e aquisição], pode utilizar o mercado de capitais para fundear [ancorar] uma parte da operação”, disse Ferreira Jr. A companhia também deverá considerar, nesse tipo de transação, o uso de recursos próprios e de financiamentos.

Não há prazos nem um ativo específico que justifique uma oferta primária de ações neste momento. Quando surgir uma oportunidade, a operaçãoprecisará passar primeiro pelo conselho de administração da BR e depois por assembleia de acionistas. O executivo disse que a BR deve concluir revisão estratégia em 60 dias e, a partir dali, a distribuidora poderá começar uma “nova jornada”, nas palavras dele. “Nosso objetivo é criação de valor sustentável para todos os stakeholders [públicos de interesse da empresa]”, afirmou.

Ele fez as declarações no dia do fechamento da operação envolvendo a venda, pela Petrobras, de 436 milhões de ações da BR, equivalentes a 37,5% do capital da distribuidora. Na oferta, a petroleira saiu definitivamente do capital da BR e embolsou R$ 11,358 bilhões. O dinheiro entrou ontem no caixa da Petrobras. Ferreira Junior comemorou o resultado: “Tenho uma avaliação muito positiva da operação. É o segundo maior follow-on [oferta subsequente de ações] feito no mercado de capitais, só perdendo, em valores, para uma operação lá atrás de Petrobras. Representa ainda quase um terço dos recursos levantados neste ano em ofertas [de follow-on]”, afirmou.

A oferta consolidou a BR como “corporação”, empresa sem controle acionário definido, e também selou o processo de privatização da companhia, que deixou de ser estatal em 2019 quando a Petrobras vendeu 30% do capital da BR. Na sexta, em leilão na B3, a petroleira se desfez dos remanescentes 37,5% que tinha na distribuidora. Ferreira Jr. disse que a maioria dos investidores da oferta foi de institucionais e, entre eles, brasileiros, embora os estrangeiros tenham tido papel “relevante”, afirmou. Antes da oferta, 49% do capital da BR em bolsa pertenciam a fundos estrangeiros.

Ferreira Jr. elogiou o que chamou de privatização via mercado de capitais. Esse modelo, disse, maximiza valor para quem vende (no caso a Petrobras), e permite que uma empresa listada e de capital pulverizado (como a BR) venha a fazer uma nova oferta caso surja projeto no futuro que possa ser de interesse do mercado: “Se o projeto é bom, a empresa o compartilha com o mercado e, se tiver valor a agregar, o investidor vem, como aconteceu agora [na oferta de ações de BRpela Petrobras].”

Embora ainda seja uma empresa dependente do tradicional segmento de postos, a BR quer aumentar presença em outras áreas, como a comercialização de energia elétrica, gás natural e etanol. Ferreira Jr. disse que a BR se coloca hoje como uma empresa de energia que tem, entre seus propósitos, auxiliar os clientes na transição energética para uma economia de baixa emissão de carbono. “Poderemos fornecer energia para clientes que estarão fazendo substituição de carvão e óleo combustível. A empresa tem que estar preparada para atender”, ….  valor econômico Leia mais em clippingdotblog 06/07/2021