Coach perde mercado e diversifica

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A Coach batalhou por visibilidade nos últimos anos, inicialmente com o lançamento de produtos de luxo mais ostensivo para atrair consumidores mais jovens, e depois reintroduziu linhas mais clássicas para acalmar seus clientes de longa data. Mas a empresa permaneceu todo o tempo fiel a suas raízes: bolsas de couro de produção primorosa.

Mas agora que empresas emergentes como a Michael Kors Holdings e Tory Burch desafiam seu domínio nos Estados Unidos, a Coach amplia seu foco, na esperança de se tornar, em última instância, uma marca de “estilo de vida”, capaz de vestir os clientes dos pés à cabeça.

A grife está começando com sapatos, um setor mais competitivo e de crescimento mais lento que o de bolsas. A área de calçados, além disso, apresenta desafios poucas vezes enfrentados pela Coach até aqui: enquanto as bolsas sempre se ajustam ao braço de uma mulher, os sapatos são feitos por tamanho, e a Coach corre o risco de ter um excesso ou um volume pequeno demais deles em estoque.

Além disso, sapatos não se prestam à apresentação, semelhante a de uma galeria de arte, que funcionou tão bem para as bolsas nas lojas próprias da Coach. Tudo isso levou os analistas a se preocuparem com a possibilidade de a expansão de produtos pôr a legendária lucratividade da empresa em risco (sua margem bruta foi de 72,8% no mais recente ano fiscal). Nas palavras de Brian Pitera, um dos diretores da consultoria A.T. Kearney, “a estratégia da Coach para a área de calçados não é uma batalha penosa”.

A Coach poderá considerá-la difícil porque está fazendo uma investida na área de calçados como medida defensiva, diz Robert Burke, fundador da empresa de pesquisa americana que leva seu nome. As empresas de moda normalmente realizam esse tipo de expansão quando ganharam tanta força em seu mercado inicial que os clientes passam a pedir a auréola da marca em outros produtos. A Ralph Lauren, por exemplo, começou a vender gravatas masculinas quatro décadas atrás, e seu fundador desenvolveu diligentemente sua imagem de marca inspirada na vida inglesa no campo e no oeste americano, aplicando-a, metodicamente, a mais categorias, da moda masculina para a feminina, passando pela infantil, até chegar nos produtos para a casa, escalonando selos de diferentes faixas de preços. Não não é esse o caso da Coach.

Nos últimos anos, Michael Kors, Ralph Lauren, Tory Burch e a marca Kate Spade da Fifth & Pacific entraram agressivamente no território da Coach, em busca das lucrativas margens das bolsas. A Coach disse, pela primeira vez, que sua participação no mercado de bolsas da América do Norte recuou para 30% no trimestre encerrado em dezembro. Em janeiro, após passar anos dando-se por satisfeita com sua hegemonia sobre o mercado de bolsas, a Coach informou que usaria novas configurações de loja e novos dólares de propaganda para convencer os consumidores de que está se tornando uma marca de estilo de vida de roupas, joias e outros produtos, e não apenas uma vendedora de bolsas.

Em resposta por e-mail às perguntas encaminhadas, a porta-voz da Coach, Andrea Resnick, informou que a área de calçados não é “uma oportunidade significativa” para a empresa. “Estamos nos estágios iniciais”, disse. “Vamos avançar com determinação.”

A Coach já ofereceu alguns modelos de calçados antes, como os descontraídos tênis com logo “C”, por US$ 98. Sua nova linha, lançada em março na América do Norte, não é mais ampla, mais moderna, e de preço mais alto, com modelos como escarpins vendidos por US$ 248 e rasteirinhas por US$ 138. A empresa instalou áreas de calçados em algumas lojas principais e transformou os sapatos em destaque nas vitrines em mais de 75 pontos de venda.

Os calçados serão incorporados mundialmente às lojas da Coach no segundo semestre deste ano, e a empresa vai tentar impulsionar as vendas de sapatos em lojas de departamentos que comercializam seus produtos. A varejista está estudando a possibilidade de produzir calçados masculinos também. “Prevemos que vamos desenvolver uma divisão de calçados muito significativa”, disse Victor Luis, que deverá se tornar o principal executivo da Coach em janeiro de 2014.

A Coach estima que as vendas de calçados no varejo alcançarão cerca de US$ 250 milhões no ano fiscal a encerrar-se em junho, embora não forneça a receita da área de calçados do ano fiscal anterior. Em 2012 a Coach faturou US$ 333,4 milhões ou cerca de 7% de suas vendas, com produtos que não são da área de bolsas e acessórios.

Os investidores se mostraram céticos, até agora, com os planos da Coach. As ações subiram 5,7% este ano, até o dia 10, perdendo para a alta de 19% do Índice de Produtos Eletivos de Consumo do Standard & Poor’s 500 e o aumento de 22% registrado pela Michael Kors. Parte dessa cautela diz respeito às perspectivas da área de calçados. O total de vendas de sapatos femininos nos EUA subiu 3,5%, para US$ 23,5 bilhões, nos 12 meses encerrados em março. O número indica um ritmo mais lento que o avanço de 5% da categoria bolsas, que computou US$ 7,2 bilhões, segundo a empresa de pesquisa de mercado NPD Group. As lojas, além disso, têm de dispor de muitos tamanhos, e as remarcações para renovação de estoque podem corroer as margens, disse Faye Landes, analista da assessoria Cowen & Co.

Os quase 73% de margem bruta supera os 59,8% da Ralph Lauren e extrapola de longe os 44,7% computados pela Deckers Outdoor, focada em calçados e detentora da marca UGG. O presidente do conselho de administração da Coach, Lew Frankfort, disse que os calçados contribuirão para impulsionar as vendas e a lucratividade e não afetarão significativamente a margem operacional. O primeiro indicador da estratégia na área de calçados foi positivo, informou a empresa. A fatia dos calçados nas vendas nas 170 lojas da Coach em que a linha ampliada foi implantada cresceu para quase 12% no período de cinco semanas que se seguiu ao lançamento, em relação aos 3% anteriores.

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