Fintech que atua no “mercado secundário” de consórcios levantou R$ 30 milhões em rodada de capitalização

A fintech Consorciei levantou R$ 30 milhões em uma rodada de capitalização “série A” liderada pela Tera Capital, family-office dos fundadores do Pátria, entre outros cotistas. A gestora Tarpon, que já era acionista da companhia, também participou da roda, além de outros investidores.

A Consorciei surgiu em 2018 para atuar no “mercado secundário” dos consórcios. A partir de uma taxa de desconto, ela entra no lugar do consorciado que, por alguma razão, teve de desistir das suas cotas. Ele pode vender as cotas na plataforma da empresa sem a necessidade de esperar até o final do grupo ou a contemplação para ter acesso ao dinheiro.

“A poupança construída pelo consorciado tem valor. E, pelas regras do produto, o cliente tem que esperar até o encerramento do grupo para reaver aqueles recursos. Isso demora às vezes 5, 10, 15 anos, em casos extremos. Percebemos que havia um mercado aí”, afirma João Prado, um dos fundadores da empresa, ao lado de Alexandre Caliman Gomes, e Pedro Amoroso Lima – os três vieram do mercado financeiro.

A Consorciei atua 100% on-line e trabalha em parceria com as grandes administradoras de consórcios. Segundo Prado, a empresa já tem acordos com 25% do mercado, com nomes como Itaú, Santander, Porto Seguro, Magalu e Randon. Ela atua em consórcios para todo tipo de bens, como imóveis, automóveis, caminhões, tratores; e serviços como cirurgias plásticas, viagens e festas de casamento.

Para dar fôlego ao negócio, a empresa captou R$ 200 milhões para um fundo de direitos creditórios (FIDC) no ano passado, novamente com family offices, como a Tera. Esse fundo é que faz a compra das cotas e, ao final do processo, sempre vai optar por receber os recursos, nunca o bem.

Os recursos recém-captados serão investidos em pessoal e na plataforma para que a empresa possa atuar em duas novas frentes de inovação financeira e tecnológica no setor. Repetindo as parcerias que já mantém com grandes empresas do segmento, a Consorciei vai ter presença maior também no mercado primário, com o fortalecimento de seu braço de vendas de cotas on-line dos consórcios – hoje mais de 90% das vendas nesse segmento ainda é offline. Em 2020, pouco mais de 3 milhões de novas cotas de consórcio foram comercializadas no país. O segundo plano, ainda em fase mais inicial, diz Prado, é conceder crédito com a garantia da cota de consórcio.

Lucas Danicek Borges, sócio da Tera Capital, destaca que a Consorciei está num mercado grande, que cresce a taxas elevadas, com pouca digitalização e atendimento abaixo do que o cliente espera. “Já vimos esse cenário em outros setores do mercado financeiro, como cartão de crédito, adquirência, investimentos. É uma combinação poderosa, que permitiu o surgimento de vários grandes players, como XP, Stone e Nubank, por exemplo.”

Ele destaca que o mercado de consórcio de cotas ativas é hoje da ordem de R$ 250 bilhões. O segmento cresceu 20% em 2020, e vem se expandindo a taxas de 10% nos últimos 10 anos. “A Consorciei, como líder do seu segmento, tem muito espaço para ‘disrupção’ no setor”, diz Borges. Ele acrescenta que a empresa vem triplicando de tamanho ano após ano, e também a qualidade da equipe. A Tera terá um assento no conselho de administração da Consorciei; a Tarpon já ocupa uma das cadeiras….  Valor Econômico  Leia mais em  clippingdotblog 16/06/2021